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Você sabia que nós, brasileiros, temos guias oficiais do Ministério da Saúde com recomendações sobre a melhor forma para nos alimentar?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que governos tenham um conjunto de informações e orientações nacionais sobre alimentação e nutrição. Por isso foram elaborados:
- Guia Alimentar para Crianças menores de 2 anos (última versão em 2019)
- Guia Alimentar da População Brasileira (última versão em 2014)
Mas porque ter um documento oficial para nos dizer qual a melhor forma de comermos?
88% dos países ainda sofrem com problemas relacionados à má nutrição como
- Desnutrição
- Deficiência de micronutrientes
- Sobrepeso
- Obesidade
- Doenças crônicas como diabetes tipo II e doenças cardiovasculares
Tudo isso é complexo pois envolve muitos fatores desde escolhas individuais a disponibilidade de alimentos.
Por isso precisamos de ações que promovam a saúde. A forma como nos alimentamos é parte importante nesse cenário.
O Guia Alimentar da População Brasileira atual foi elaborado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (NUPENS) da Universidade de São Paulo (USP)
Elaborado entre 2011 e 2014 ele aponta que uma alimentação que promove saúde e bem estar vai além dos nutrientes isolados e considera:
- Aspectos sociais nos padrões de alimentação desde obtenção, passando pelo preparo e consumo.
- O que ele representa para cada indivíduo: Do próprio prazer de comer ao alimento como forma de criação de identidade e sentimento de pertencimento
- As nossas culturas que influenciam todo o processo de obtenção, preparo, consumo além do alimento como patrimônio cultural gastronômico de um povo.
- Questões econômicas como acesso financeiro ao alimento saudável e adequado além da distribuição igualitária da renda gerada pelo sistema alimentar
- Meios como são produzidos e distribuídos
- Impactos gerados na sociedade como aspectos da Saúde Pública, condições de trabalho, função dos intermediários da distribuição e o papel da agricultura familiar.
- Impactos ambientais como utilização de recursos naturais e tratamento de resíduos.
Esse Guia brasileiro foi considerado inovador e um dos mais amplos em termos de abordagem da sustentabilidade.
De forma a permear diferentes pontos de vista e conhecimentos, o documento passou por 2 oficinas, uma consulta pública e considerou o contexto ao redor do momento da elaboração, 2011 a 2014, que como bem percebemos está mudando em um “piscar de olhos”.
A pressão popular está cada vez mais forte. E até por uma questão de sobrevivência, o restante do sistema alimentar vem se mobilizando para atender as exigências das pessoas, muito bem expressas através de suas escolhas.
E falando nelas, o Capítulo 2 (escolha dos alimentos) traz exemplos, informações e recomendações para cada grupo de alimentos seguindo uma Classificação chamada NOVA, que considera a extensão e o propósito do processamento empregado antes de chegar ao consumidor.
Os termos “alimento processado” e “alimento industrializado” são com frequência, confundidos e, muitas vezes, mal interpretados.
Mas essa polêmica, que inclusive tem bastante “pano pra manga” vamos deixar para um outro post.
Voltando para o conteúdo do Guia, ele traz um capítulo todo dedicado às combinações que podem ser feitas entre os grupos de alimentos em cada refeição. (Capítulo 3 – Dos alimentos à refeição)
Além de enfatizar a tamanha biodiversidade que temos acesso e as possibilidades de variarmos o “arroz com feijão”, o guia traz combinações possíveis para diferentes regiões e culturas com o objetivo de tornar as recomendações acessíveis e adaptáveis para cada cultura e hábito.
Os benefícios de consumirmos produtos conforme sua sazonalidade também são apontados:
- melhor sabor,
- maior quantidade de nutrientes e
- muitas vezes menor preço
Além de recomendar o consumo de alimentos orgânicos e de preferência direto com o produtores, como forma de proteger o meio ambiente, a saúde e estimular uma economia mais bem distribuída
O ato de comer também ganhou destaque no capítulo 4 que nos faz refletir sobre
- O tempo que dedicamos ao comer
- O quanto estamos distraídos no momento da refeição
- Onde comemos
- Com quem comemos
Fatores que influenciam:
- A qualidade da nossa digestão dos alimentos,
- A quantidade que comemos,
- As oportunidades de convivência com nossos familiares e amigos,
- O prazer que sentimos com a alimentação.
Mas se fosse tudo tão simples não precisaríamos de um guia não é mesmo?
Obstáculos, conforme traz o capítulo 5, estão fortemente presentes e exigem ações tanto individuais quanto sociais e políticas:
- O excesso e qualidade das informações sobre alimento nos exigem um olhar crítico para cada uma delas
- Encontrar com facilidade cada grupo de alimentos para compor uma refeição saudável não é realidade de todos nós.
- Além disso o custo por trás de uma alimentação saudável é influenciado tanto pela quantidade disponível quanto pela percepção de valor e condição financeira de cada um de nós.
- habilidades culinárias estão sendo perdidas e muitas vezes são desvalorizadas
- A falta de tempo é muitas vezes encarada como um empecilho para uma boa alimentação
- A publicidade, assim como a informação, nos exige conhecimento e um olhar atento e crítico
“Em algumas vezes, a remoção de obstáculos demandará, sobretudo, que as pessoas reflitam sobre a importância que a alimentação tem ou pode ter para suas vidas e concedam maior valor ao processo de adquirir, preparar e consumir alimentos.”
Qual importância o comer, e toda sua amplitude, tem na sua vida?
“Mas, em outras vezes, a remoção dos obstáculos exigirá políticas públicas e ações regulatórias de Estado que tornem o ambiente mais propício para a adoção das recomendações. “
Conhecer o que comemos é essencial para garantir autonomia nas escolhas além de nos dar força para exigirmos de todas as esferas o cumprimento do direito humano à alimentação saudável e adequada.
Nesse contexto, os Guias alimentares são ferramentas interessantes para a sociedade e para os profissionais de diversas áreas se basearem na hora de promover a saúde e incentivar a educação alimentar.
Quando abordam diversos aspectos da alimentação de forma ampla, conseguem impactar não apenas a saúde, mas também questões sociais , econômicas e ambientais, tão importantes nesse sistema.
Convidamos você a colocar o Guia e outras fontes de informação sobre a comida “na sua cabeceira” e saborear de ferramentas amplas e diversas sobre o comer, ato que faz parte de forma tão intensa nas nossas rotinas e merece nossa atenção.
O Guia por exemplo é gratuito! É nosso!
Vale lembrar que ativar o olhar crítico e questionador é regra para qualquer fonte de informação.
QUALQUER!
Assim como o alimento a gente não sai colocando tudo pra dentro não é mesmo? Com a informação vale a mesma regra.
Você conhecia o guia? Vamos conversar! Estamos curiosas para saber o que você achou dele.
E não esquece de mandar essa dica pra família, amigos, pra todo mundo!
Quer saber mais? Dá uma olhada nesse vídeo onde explicamos um pouco mais sobre tudo isso.