Está sem tempo para ler? Que tal ouvir o artigo? Experimente clicando no player abaixo.
Estamos em 2020. Faltam 10 anos para olharmos para a Agenda 2030 e concluirmos:
Em qual situação você se enxerga?
Não adianta chegar lá e jogarmos a responsabilidade para os governos ou as empresas, apenas.
Com certeza eles têm uma influência considerável e recursos gigantescos para a mudança que precisamos.
Mas, eles não conseguirão sozinhos!
Até porque, eles não estão nesse barco, ops, nesse planeta sozinhos.
Afinal, governos e empresas são feitos de pessoas, que como nós, também precisam fazer escolhas.
Está mais do que na hora de nos assumirmos responsáveis por essa coisa toda!
Vamos entender em que pé estamos no quesito “direção”” aos objetivos que nos guiarão para um futuro melhor?
A versão 2020 do Relatório dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nos mostrou alguns progressos e muitos desafios.
A pandemia que estamos vivendo desde o fim de 2019, COVID 19, colocou um holofote nas “fraquezas em nossos sistemas e sociedades”, impactando cada um dos objetivos da Agenda 2030:
- Sistemas de saúde estão sobrecarregados;
- negócios estão fechados;
- 1,6 bilhão de estudantes estão fora das escolas, ou seja, mais de 370 milhões ficaram sem merenda escolar;
- Podendo impactar, inclusive, o crescimento de trabalho infantil
Pessoas mais pobres e vulneráveis estão entre os mais impactados, enfatizando ainda mais a desigualdade.
E como será que está a situação de cada objetivo?
- quase metade da população mundial — 3,4 bilhões de pessoas — ainda vive com menos de U$ 5,5 por dia.
- Estima-se que 100 milhões de pessoas voltem à pobreza extrema em 2020, o primeiro aumento global desde 1998.
Economias mais sustentáveis e justas que melhorem a distribuição de renda podem reverter esse cenário.
- Em 2019, quase 690 milhões de pessoas passaram fome, 10 milhões a mais que em 2018.
- Estima-se que a pandemia pode levar mais de 100 milhões de pessoas para a fome crônica até o fim de 2020.
Fome crônica, você sabe o que é isso?
É o acesso a quantidade insuficiente de alimentos, interferindo na qualidade de execução das atividades cotidianas, podendo levar à desnutrição.
- Na América Latina e no Caribe essa escassez de alimentos passou de 22,9% das pessoas para 31,7% entre 2014 e 2019
E como a reação é sempre em cadeia:
- os pequenos produtores de alimentos também estão sendo fortemente impactados por essa crise global de saúde.
Na contramão:
- Vários países que conseguiram reduzir a % de desnutrição presenciam o aumento da taxa de obesidade.
- Alguns presenciam a coexistência entre a dificuldade de acesso à comida de qualidade e obesidade.
Representantes da ONU acreditam que esse contexto poderia ser minimizado com
- Trabalho coordenado;
- Apoio a agricultura familiar;
Sem serviços de vacinação e de saúde e com acesso limitado aos serviços de nutrição, inúmeras mortes de mães e de crianças com menos de cinco anos podem ocorrer ainda esse ano.
Um retrocesso já que entre 2010 e 2018, a mortalidade materna global havia reduzido em 38%.
O acesso à serviços essenciais de saúde é uma realidade de menos da metade da população global.
Em 2030, provavelmente 200 milhões de crianças, ou mais, ainda estarão fora da escola.
Pelo menos 500 milhões de estudantes não possuem condições de acesso ao ensino remoto, o que deveria ser a alternativa nesse cenário de pandemia.
E quando tudo voltar “ao novo normal”, apenas 65% das crianças terão acesso à instalações para lavagem de mãos nas escolas.
Como fazer se estamos entrando em uma era da atenção à higiene pessoal?
2020 mas ainda temos que falar sobre igualdade de gênero.
- as responsabilidades domésticas ainda sobrecaem três vezes mais sobre as mulheres.
- A violência contra a mulher cresceu em torno de 30% com o isolamento social.
- Mulheres representam menos de 40% da liderança de nossos governos.
- Enquanto 70% dos trabalhadores de saúde e social, que estão na linha de frente de combate ao COVID 19, são mulheres.
- 2.2 bilhões de pessoas, quase 30% de nós, ainda não tem acesso à água segura para beber.
- quase o dobro disso não tem acesso ao saneamento básico.
- 2 em cada 5 instalações hospitalares não possuem sabão, água ou álcool suficientes para lavagem de mãos.
- 3 bilhões de pessoas no mundo (39% de nós) ainda não tem acesso em casa a instalações para lavagem de mãos;
- Em 2030, 700 milhões de pessoas (Mais que 3 Brasis) ainda sofrerão com escassez de água.
- 790 milhões de pessoas ainda não tem acesso a energia
- Estamos avançando porém apenas 17% da produção de energia é renovável
- 1 em cada 4 unidades de saúde sofrem sem acesso a energia
Estamos enfrentando esse ano a pior recessão econômica global
- 1.6 bilhões de trabalhadores informais estão na iminência de perder seus meios de subsistência durante a pandemia
As tensões comerciais e fechamento de fronteiras impactaram significativamente o crescimento da indústria
- Apenas 35% das pequenas indústrias têm acesso à meios de financiamento.
- Apesar da importância da Pesquisa e desenvolvimento, a velocidade dos investimentos ainda é baixa
Aquela Música “e o rico cada vez fica mais rico, e o pobre cada vez fica mais pobre”, continua sendo uma realidade. Desigualdades em diferentes formas ainda persistem
- Trabalhadores estão recebendo uma proporção menor da produção que fizeram parte: 54 % do PIB global em 2014 para 51% em 2017
- 40% dos mais pobres da população receberam menos de 25% da renda total, enquanto os 10% dos mais ricos receberam pelo menos 20% da renda total.
- 3 em cada 10 pessoas ainda sofrem discriminação, especialmente mulheres com deficiência, além de outros fatores como religião e etnia.
- De 111 países avaliados em 2019, apenas 54% possuíam uma política de migração e mobilidade ordenada, segura e responsável. A América Latina e Caribe é uma das regiões com maior parcela de países com um conjunto abrangente de políticas.
- O número de pessoas vivendo na favela aumentou 24% em 2018
- Somente metade das pessoas no mundo tem acesso à transporte público decente
- A poluição do ar causou 4,2 milhões de mortes prematuras em 2016
- Menos da metade de nós vive próxima à espaços públicos verdes.
- Em 2017 extraímos 85,9 bilhões de toneladas de recursos naturais, 12,7 a mais que em 2010.
- Resíduos eletrônicos cresceram 38%. E sabe quanto disso é reciclável? 20%.
- Em 2016, quase 14 % da comida produzida foi desperdiçada ainda na cadeia logística.
Nos últimos anos muitos países estão se movimentando na promoção do consumo e produção responsáveis. E a pandemia está sendo mais um estímulo.
- Em 2018, 23 bilhões de dólares foram perdidos por conta de desastres naturais, afetando diretamente 63 países e 40 milhões de pessoas. Quanto poderia ter sido feito com esse dinheiro, não é mesmo?
- 2019 foi o segundo ano mais quente já registrado e concluiu a década mais quente desde que os registros começaram.
O objetivo é manter o aumento da temperatura global neste século bem abaixo de 1,5 a 2 graus acima dos níveis pré-industriais.
Entretanto, previsões apontam que em alguns meses dos próximo 5 anos, viveremos, pelo menos, 1,5*C acima do limite. E que em 2100, se tudo continuar como está, atingiremos a marca de 3,2*
Além das variações significativas na umidade, nível do mar, derretimento em larga escala e presença de ventos fortes e tempestades.
Estratégias nacionais para reduzir desastres naturais são feitas por apenas 85 dos 187 países que se reuniram para propor estratégias que reduzam substancialmente a mortalidade global em desastres e diminuam o número de pessoas afetadas.
Investimentos em combustíveis fósseis continuam sendo maior do que em atividades em prol da mudança climática.
E como tudo tem seu lado positivo, essa desaceleração forçada pela pandemia pode impactar na redução de 6% da emissão de gases de efeito estufa.
Se nada mudar, até 2100 metade da vida marinha será afetada por conta do aumento de 100 a 150% da acidez da água.
A proteção de áreas de biodiversidade marinha aumentaram de 30,5% para 46% entre 2000 e 2019.
Estamos avançando na criação de acordos que impulsionam a pesca sustentável contribuindo com o PIB dos países.
A vida marinha também pode ser positivamente impactada por conta da drástica redução da atividade humana devido ao COVID, apesar do novo desafio gerado pelo volume imenso de máscaras e luvas encontrados nos oceanos e praias.
Menos de 40 países possuem metas nacionais que integram a manutenção da biodiversidade.
31 mil espécies estão sob risco de extinção.
O tráfico de animais silvestres além de prejudicar a biodiversidade, pode disseminar doenças infecciosas como o coronavírus.
Todo ano, 10 milhões de hectares de florestas são destruídas por conta da expansão da agricultura, praticamente 1 Estado de SC.
A degradação de 2 bilhoes de hectares de solo afeta 3,2 bilhões de pessoas e intensifica a extinção de espécies e a mudança do clima.
- Todos os dias 100 pessoas morrem devido à conflitos armados
- Mais 80 mil pessoas fugiram de guerras, perseguições e conflitos em 2019, um triste recorde
- Em 2018, 440 mil pessoas foram vítimas de homicídio
- 60% dos países possuem presídios superlotados,
- Em países pouco ou subdesenvolvidos, 8 em cada 10 crianças sofrem agressões físicas e/ou psicológicas em casa.
- Em 2016, 30% das vítimas de tráfico humano foram crianças
A boa notícia é que leis de direito a livre informação estão expandindo.
Essa crise pode impactar em 40% menos investimentos para o desenvolvimento da Agenda 2030,
Que cenário estamos vivendo não é mesmo?
Todas essas questões foram discutidas no último mês no Fórum Político de Alto Nível, principal reunião que acompanha o andamento da Agenda 2030.
Além dos impactos econômico, social e de saúde, o fórum levantou a questão:
Como a comunidade global pode reagir para retomar o rumo pelo progresso esperado através da Agenda?
Esse ano 47 países compartilharam, através de seus relatórios nacionais, suas experiências relacionadas aos ODS`s, mobilizando recursos e fortalecendo as políticas que aceleram a implementação da Agenda.
O Brasil não apresentou, conforme havia anunciado em 2019.
Entretanto é possível acompanhar o status dos indicadores através desse link
O Conselho Consultivo de Alto Nível também refletiu em torno da pergunta: